12 de jun. de 2010

O azul ou o branco

( imagem do blog do autor)
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Teria sido num tempo em que as tardes eram suficientemente extensas para que se pudesse dormir, tranquila, a sesta, as noites tão grandes que era possível, sem esforço, ficar a ler. Teria sido num tempo em que numa daquelas janelas eu vi o alvorecer de uma ideia e por causa dela decidi não regressar. Dias depois zarparia o último navio e no vazio do porto eu compreenderia, enfim, o mundo que me restava. Teria sido num tempo em que se poderia optar por uma viagem ou por uma permanência. Hoje, olhando-à à fotografia da casa, de cuja janela tudo me sucedeu, hesito se é o azul ou o branco o automóvel que lá deixei. Não sei em nome de que ideia, por causa de que ilusão, ou a caminho de que erro, mas parti, do mesmo porto, num outro navio, a caminho do mundo em falta, a parte restante de mim.
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José António Barreiros
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4 comentários:

Unknown disse...

2Não serve de nada correr; é preciso partir no momento próprio ."

Abraço.

Anônimo disse...

Tudo tem seu tempo e sua hora para acontecer. Não adianta correr. bjssssss

angela disse...

Maravilhoso mesmo.
beijos

Suzana Martins disse...

Não sei! Acho que deixei as cores perdidas no tempo, rs..

Perfeito

Beijos