29 de set. de 2008

29 de setembro de 2008: CEM ANOS SEM MACHADO DE ASSIS !

Machado de Assis: Um Mestre na Periferia I

Machado de Assis: Um Mestre na Periferia II

Machado de Assis: Um Mestre na Periferia III

.

DOM CASMURRO ...

.

.

MACHADO DE ASSIS NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA !

.

MACHADO DE ASSIS, mas esse capítulo não é sério

.

.

Até 26 de outubro

Horário: terça-feira a domingo, das 10h às 18h

Local: Museu da Língua Portuguesa

Endereço: Praça da Luz, s/nº - Centro - São Paulo - SP.

Ingresso: R$ 4,00; aos sábados a visita é gratuita

.

27 de set. de 2008

Sobre o escrever ...

.
Francine Van Hove
.
.

Existe o prazer de escrever? Sim, eu tenho um grande prazer de escrever. Eu sinto que escrever, para mim, é um extravasamento de uma espécie de excesso de vida. Eu tenho dentro de mim “vidas” que consigo captar e transferir ao papel, no romance. Então, eu consigo ampliar a minha própria vida debatendo problemas num artigo de jornal, numa crônica, numa carta... Isso tudo cria, para mim, o prazer da escrita. O escrever é o encontro com aquilo que estava dentro de mim e eu não sabia e só vejo no papel.

Josué Montello
(Giovanni Ricciardi, Auto-retratos. Martins Fontes)

.

.

Paul Newman ...

O leitor e o livro ...

.
.

.

24 de set. de 2008

7 de set. de 2008

DESENHO

.

.
DESENHO

Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor da goiaba.
E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam

Isso era um lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra em pedra, ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.

Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas,
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.

Com a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.

Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
Mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.

E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.

Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

Cecília Meireles

(OBRA POÉTICA. Editora Nova Aguilar, p.265-266)

Jean Sebastien Monzani ...

O leitor e o livro...
.
.
Jean Sebastien Monzani
.
.
.

2 de set. de 2008

Virginia Bellati ...

.
.

.
.
Virginia Bellati - Feliz Aniversário
.
.

Aniversário

.

.
.
Aniversário
.
[473]
.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
.
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
.
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
.
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
.
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
.
.

Álvaro de Campos
.