28 de jan. de 2008

Desencanto

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Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
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Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
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E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca..
- Eu faço versos como quem morre
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Manuel Bandeira
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2 comentários:

Chris Rodrigues disse...

perfect. Só poderia ser dele mesmo.

namastibet disse...

"E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca..
- Eu faço versos como quem morre"

escrevo no meu corpo os versos de todos eles e depois corro as lembranças de taberna em taberna e agarro as esperanças p'lo gargalo
nem me ralo se a taberna é tosca mas a angústia é minha e é magnífica (com sabor a sal)...

j.s.