31 de out. de 2007

Menino doente

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Andrew Wyeth
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Eram o pião, a bola, o realejo,
o trem de corda, a caixa do brinquedo
de armar. Longe da escola, eram os
dedos da mãe, penteando-lhe os cabelos,
a fruteira no quarto, o açúcar-cande,
o resedá por cima da atadura.
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Entre a cama e a janela, era o menino
com medo, não da doença, mas da cura.
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Mauro Mota
(Itinerário – Editora José Olympio)
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28 de out. de 2007

TRÊS parceiros, meus amigos para sempre ...

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TRÊS parceiros, meus amigos para sempre...
A amizade com Hélio Pellegrino começou no Jardim de Infância em Belo Horizonte, ambos com seis anos de idade. Depois fomos colegas de grupo escolar e de ginásio. Embora ele tenha ido então estudar Medicina e eu Direito, continuamos amigos a vida inteira, conforme narrei no livro “O Tabuleiro de Damas”.
Com Otto Lara Resende, o primeiro encontro foi na adolescência, em casa de João Etienne Filho, do jornal católico O Diário, que nos emprestava livros. Otto me revelaria mais tarde que ficou impressionado comigo porque eu conhecia marcas de automóvel, era campeão de natação e só falava futilidades. Já havíamos estado juntos anos antes: foi no meu tempo de escoteiro. Ele também era escoteiro em São João Del Rei, e veio numa delegação a Belo Horizonte nos visitar. Na sede da nossa Associação havia um fio elétrico desencapado junto ao soalho: a brincadeira era pisar onde dava choque e passar o choque para quem nos segurasse a mão. Otto costumava dizer que levou a vida inteira tentando lhe dar esse choque... Passamos a nos ver quase toda noite na Folha de Minas, onde eu já trabalhava, ou nos bares vizinhos, juntamente com o Hélio, de quem ele também se tornara amigo. Logo o Paulo se juntava a nós.
A primeira vez que vi Paulo Mendes Campos foi na varanda da casa do cônsul inglês, durante uma festa em que havia entrado de penetra (provavelmente ele também) para namorar uma menina. Eu já havia reparado naquele rapazinho de cabelo caído na testa, que passava o tempo todo de lá para cá na varanda onde estávamos (se não me engano já meio triscado), empatando o nosso namoro. Acabamos os dois iniciando ali mesmo uma discussão sobre literatura, cada um querendo mostrar mais conhecimento que o outro, para impressionar a menina. Um de nós (como já tive ocasião de contar, sem revelar qual dos dois para não ser deselegante) sustentava que Dom Quixote era escrito em versos.
Ficamos amigos, e a discussão, como o choque no Otto, se estendeu pela vida afora (não sobre Dom Quixote, é claro).
Andávamos dia e noite juntos, os quatro (ou três, para falar mal do ausente), conversando sem parar – éramos o que se poderia chamar de peripatéticos. Havia um banco na Praça da Liberdade, o nosso banco, onde invariavelmente encerrávamos a noite, às vezes já nascendo o dia. Era ali que “puxávamos angústia”, espécie de ritual daquilo que chamávamos, parodiando Unamuno, de “sentimiento trágico de la vida”
Nossos sentimentos não diferiam dos que nos podiam inspirar outros amigos. A singularidade talvez estivesse na espontânea convivência diária em Belo Horizonte e depois no Rio (com viagens de permeio) durante cerca de cinqüenta anos. Uma convivência nem sempre muito tranqüila - às vezes sujeita a chuvas e trovoadas. Mas ao longo da vida me dei bem igualmente com todos os três, cada um a seu jeito. Hélio, o apaixonado, o possuído, o destemperado – eu, mais contido e organizado, mas ao mesmo tempo desastrado e obsessivo (ou obsedeque, na linguagem pellegrinesca). Paulo, arisco, enigmático, reflexivo – eu, mais solto aberto, desabusado. Otto, indeciso, pessimista, deprimido – eu, extrovertido, otimista, intempestivo. Tínhamos pouca coisa em comum, além da paixão literária. E do senso de humor.
O meu otimismo um tanto exacerbado costumava provocar reações, principalmente face ao pessimismo declarado do Otto. Vivíamos todos em estado quase permanente de discussão. Discutíamos tudo, não importava o tema : da Nova República à Assunção de Nossa Senhora. Discussões tão acaloradas que mais de uma vez aconteceu trocarmos de lado só para continuar a discutir:
- O que você está dizendo é uma bobagem . Vou mostrar como devia defender o seu ponto de vista.
-Pois então mostre, que eu mostro o seu ...
Com isso a discussão jamais teria fim. Mas se me perguntem “E vocês se entendiam?”, eu diria que sim. Embora as divergências fossem fundamentais. Éramos sempre implacáveis, por exemplo, no julgamento da produção literária de cada um. E acredito que esse rigor crítico nos foi extremamente valioso: impediu que a gente escrevesse muita bobagem.
(Ou não impediu...)
Rebeldes, inconformados, nos insurgíamos contra a ordem constituída e tudo que representasse instituição, fosse a direção do Colégio , o Governo, a Cúria Metropolitana. Uns mais, outros menos, éramos católicos. Todo ano fazíamos a Páscoa dos Militares, recebendo Comunhão no meio deles. Por que dos militares? Idéia do Hélio – talvez para desafiar os donos do poder, que não podiam nos impedir.
Cada um evoluiu a seu jeito. Houve época em que Paulo andou tangenciando o Partido Comunista – talvez fosse apenas agnóstico. Hélio foi militante do PT – em matéria de fé, sempre era uma convulsão da natureza: reivindicava a aceitação do dogma da ressurreição da carne como postulado do seu Partido. Otto, voltado para um catolicismo mais vivenciado espiritualmente – nenhum de nós no fundo perdeu a fé, que eu saiba.
O que predominava mesmo vinha a ser a irreverência... Éramos intransigentemente contra as convenções e conveniências, a começar pela institucionalização de nossa amizade. Tanto assim que nunca conseguimos como amigos fazer juntos nada de útil, com a graça de Deus. Nunca fomos sócios em coisa alguma. Sempre fizemos questão de não tirar proveito de nossa tão espontânea amizade.
Deu trabalho a revisão destas cartas, já meio esfrangalhadas de tão antigas. Trabalho insano, tão somente justificado pela insanidade do remetente (e por extensão dos destinatários). Haja vista o tom descontraído do texto em geral, com as suas incorreções, distrações, distorções, repetições, contradições, alguns palavrões e outros senões. Ainda assim (ou por isso mesmo), é possível que o conteúdo da minha correspondência a eles dirigida ao longo de tantos anos dê pelo menos uma pálida idéia de como a relação que nos unia foi fundamental para cada um de nós.
Para mim, pelo menos. Posso mesmo afirmar que, se eu não tivesse conseguido fazer mais nada na vida, esta amizade tão intensa, duradoura e valiosa, já teria sido o melhor que eu poderia desejar.
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Fernando Sabino - CARTAS NA MESA - Editora Record
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25 de out. de 2007

T. F. Simon

O leitor e o livro ....
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T. F. Simon - Vilma lendo no sofá
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EXPLICAÇÃO DE POESIA SEM NINGUÉM PEDIR

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Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.
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Adélia Prado
(Bagagem - Editora Guanabara)
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Fala Adélia !

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" De repente, nada é importante, o ar muda, transubstancia-se."
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Adélia Prado
(Os componentes da banda)
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24 de out. de 2007

(recomeçar ?)

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"Desejo a máquina do tempo para que não haja o havido e eu recomece misericordiosamente."
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Adélia Prado - Os componentes da banda
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23 de out. de 2007

IRMANDADE

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Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
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Octavio Paz
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Tradução de Antônio Moura
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21 de out. de 2007

Nossas viagens ...

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Vladimir Kush.
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"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste
em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos."
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Marcel Proust
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19 de out. de 2007

Infância em Berlim por volta de 1900 ...

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"Em nosso jardim havia um pavilhão abandonado e carcomido. Gostava dele por causa de suas janelas coloridas. Quando, em seu interior, passava a mão de um vidro a outro, ia me transformando. Tingia-me de acordo com a paisagem na janela, que se apresentava ora chamejante, ora empoeirada, ora esmaecida, ora suntuosa. Acontecia o mesmo com minhas aquarelas, onde as coisas me abriam seu regaço tão logo as tocava como uma nuvem úmida. Coisa semelhante se dava com as bolhas de sabão. Viajava dentro delas por todo o recinto e misturava-me ao jogo de cores de suas cúpulas até que se rompessem. Perdia-me nas cores, fosse nos céus, numa jóia, num livro."
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WALTER BENJAMIN
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17 de out. de 2007

na companhia de um livro ...

. Sobre a leitura ...
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Ilustração de Jessie Willcox Smith
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" Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão
plenamente como aqueles que pensamos ter deixado passar sem
vivê-los, aqueles que passamos na companhia de um livro preferido."
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Marcel Proust
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15 de out. de 2007

Dia do Professor ...

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Ilustração de Ruth Mary Hallock
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." OS EDUCADORES SÃO DONOS DE UMA INFINITA ESPERANÇA . "
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Cecília Meireles
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.( Coleção Melhores Contos - Editora Global )

Dia do Professor ...

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MEDIDA DE VALORES
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Uma das principais qualidades do educador – e que determina todas as outras – é a sua capacidade de medir com justeza, os valores que se lhe apresentam.
Uma das principais porque, em suma, a função do educador repousa na apreciação dos valores de vária espécie – morais, intelectuais, técnicos etc. – que se nos oferecem na vida, para efetuar a sua adequada aplicação ao problema educacional.
Sem nos perdermos em considerações que se elevem a aparências muito transcendentes, tomemos de perto um exemplo, que sirva de ponto de apoio à nossa afirmativa inicial.
Têm existido até, pela força de várias circunstâncias, professores – não educadores – capazes de aceitar as orientações emanadas dos chamados “superiores” respeitando-as simplesmente pela fonte da sua procedência.
Por mais que se queira ver em tais pessoas ótimos auxiliares, funcionários digníssimos, em razão, justamente, de sua obediência, nunca os poderemos aceitar como educadores. Educador é aquele que está constantemente evoluindo, experimentando em si e em torno de si, todas as modificações que possam constituir um progresso, e que o faz, principalmente, com o fim de medir o valor de cada problema da humanidade, e conhecer o ambiente e o significado da sua tarefa pedagógica.
Sua visão do mundo, pois, não deve ser alterada por nenhuma refração devida a interesses de natureza estranha ao sentido essencial da educação.
É bom respeitar os superiores que nos são realmente superiores – pela quantidade e qualidade das suas experiências e das suas obras: não apenas pela sua situação hierárquica.
A medida do valor daqueles que formam o seu meio ambiente impõe-se ao educador como necessidade indispensável à sua própria função.
Por essa avaliação é que ele determinará as suas resoluções; por ela é que reconhecerá o que deve receber e o que deve rejeitar dos fenômenos que o afetam.
Do ponto de vista educacional, medem os indivíduos e os fatos conforme a sua projeção na humanidade.
Cálculo difícil, mas indispensável. Muitas aparências valiosas se revelam negativas à luz dessa medida. Muitas outras, à primeira vista, secundárias ou inoportunas, apresentam-se com imprevista grandeza quando apreciadas desse modo.
O educador não é o burocrata que vai à escola como a uma repartição, limita a sua atividade de funcionário a meia dúzia de horas diárias, e respeita o prestígio das autoridades : é a criatura construtora de liberdade e progresso harmoniosos, que, vivendo no presente, está sempre investigando o futuro, porque é nesse futuro, povoado de promessas de vida melhor, que o destino de seus discípulos se deverá realizar com toda a plenitude.
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Cecília Meireles
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(Coleção Melhores Crônicas – Global editora)
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14 de out. de 2007

Sobre a brevidade da vida ...

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" É tão breve tudo, a estrela risca o céu de escuro a escuro
e findou-se a vida "
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Adélia Prado
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( O homem da mão seca, Editora Siciliano, p. 167 )
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Paulo Autran ...

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Paulo Autran durante ensaio da peça "O Avarento"
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"Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a sua vida à humanidade e à paixão existentes nestes metros de tablado, esse é um homem de teatro."
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Palavras ditas por Paulo Autran em "Liberdade, Liberdade."
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(Foto: Flávio Florido-4.ago.2006/Folha).

Paulo Autran e Ricardo Reis ...

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VEM SENTAR-TE comigo, Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)

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Depois pensemos, crianças adultas, que a vida

Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,

Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,

Mais longe que os deuses.

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Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.

Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.

Mais vale saber passar silenciosamente

E sem desassosegos grandes.

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Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,

Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,

Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,

E sempre iria ter ao mar.

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Amemo-nos tranqüilamente, pensando que podíamos,

Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,

Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro

Ouvindo correr o rio e vendo-o.

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Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as

No colo, e que o seu perfume suavize o momento -

Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,

Pagãos inocentes da decadência.

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Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois

Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,

Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos

Nem fomos mais do que crianças.

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E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,

Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.

Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.

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Odes de Ricardo Reis

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13 de out. de 2007

Paulo Autran ...

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" Contra toda a lógica, continuo a fazer planos como se fosse viver eternamente. Meu espírito continua jovem. Não tenho medo da morte, mas viver é delicioso demais".

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Paulo Autran

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Paulo Autran e Cecília Meireles ...

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Retrato

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Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

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Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

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Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?...

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Cecília Meireles

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(Imagens: pinturas de autoria de José Ulisses Gonzales Silva)

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Paulo Autran e Carlos Drummond de Andrade ...





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RESÍDUO

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De tudo ficou um pouco

Do meu medo. Do teu asco.

Dos gritos gagos. Da rosa

ficou um pouco.

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Ficou um pouco de luz

captada no chapéu.

Nos olhos do rufião

de ternura ficou um pouco

(muito pouco).

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Pouco ficou deste pó

de que teu branco sapato

se cobriu. Ficaram poucas

roupas, poucos véus rotos

pouco, pouco, muito pouco.

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Mas de tudo fica um pouco.

Da ponte bombardeada,

de duas folhas de grama,

do maço

― vazio ― de cigarros, ficou um pouco.

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Pois de tudo fica um pouco.

Fica um pouco de teu queixo

no queixo de tua filha.

De teu áspero silêncio

um pouco ficou, um pouco

nos muros zangados,nas folhas, mudas, que sobem.

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Ficou um pouco de tudo

no pires de porcelana,

dragão partido, flor branca,

ficou um pouco

de ruga na vossa testa,

retrato.
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Se de tudo fica um pouco,

mas por que não ficaria

um pouco de mim? no trem

que leva ao norte, no barco,

nos anúncios de jornal,

um pouco de mim em Londres,

um pouco de mim algures?

na consoante?

no poço?

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Um pouco fica oscilando

na embocadura dos rios

e os peixes não o evitam,

um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.

Não muito: de uma torneira

pinga esta gota absurda,

meio sal e meio álcool,

salta esta perna de rã,

este vidro de relógio

partido em mil esperanças,

este pescoço de cisne,

este segredo infantil...

De tudo ficou um pouco:

de mim; de ti; de Abelardo.

Cabelo na minha manga,

de tudo ficou um pouco;

vento nas orelhas minhas,

simplório arroto, gemido

de víscera inconformada,

e minúsculos artefatos:

campânula, alvéolo, cápsula

de revólver... de aspirina.

De tudo ficou um pouco.

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E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção

e abafa

o insuportável mau cheiro da memória.

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Mas de tudo, terrível, fica um pouco,

e sob as ondas ritmada

se sob as nuvens e os ventos

e sob as pontes e sob os túneis

e sob as labaredas e sob o sarcasmo

e sob a gosma e sob o vômito

e sob o soluço, o cárcere, o esquecido

e sob os espetáculos e sob a morte escarlate

e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes

e sob tu mesmo e sob teus pés já duros

e sob os gonzos da família e da classe,

fica sempre um pouco de tudo.

Às vezes um botão. Às vezes um rato.

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Carlos Drumonnd de Andrade

12 de out. de 2007

(Fala Adélia ! )

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Pintura de Renoir


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"Quando acabarem as escolas quero nascer outra vez. Sou didática, catequética, apologética, por isso não tenho um minuto de sossego, pago o dízimo de tudo. "
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Adélia Prado

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(Solte os cachorros - Editora Guanabara )

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10 de out. de 2007

sarau lítero-musical

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Música
Ana Lee
Cássio Gava
Renato Yoshio
Aurora Maciel
Ozias Stafuzza
No mesmo barco
Mário Montaut
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Leitura de Poemas
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Fernanda Almeida Prado
Cássio Juqueira
Júlia Abe Quagliato
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Poesia
Antônio Lázaro de Almeida Prado
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Direção
Fernanda Almeida Prado
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SESC IPIRANGA : Rua Bom Pastor, 822

dia 20 de Outubro às 18:00h

telefone: 11 3340-2000

.SESC IPIRANGARua Bom

Henriette Browne ...

O leitor e o livro ...
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Henriette Browne - Menina escrevendo
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3 de out. de 2007

Entrevista com Angela Lago

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(Entrevista postada originalmente no meu blog
O mundo encantado de Cecília Meireles)
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Onde você nasceu e como era a sua cidade?

Nasci em Belo Horizonte em 1945. A cidade cheirava manacá e dama da noite. Tinha bonde, sombra de árvore na avenida principal, e a praça era bonita como o seu nome: praça da Liberdade.

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Como foi a sua infância ?

Éramos cinco irmãs e um irmão, correndo pela casa e pelo quintal, brigando uns com os outros e com os vizinhos. Para compensar tanta bagunça, minha mãe era danada de brava. Mas meu pai nos chamava por apelidos engraçados.

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Como era a escola onde você estudou?

Tinha uma biblioteca onde os alunos de cada sala ficavam uma hora por dia. Eu aproveitava para ler os contos de fada que minha mãe contava à noite, mas não repetia tantas vezes quanto eu queria.

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Quais eram os livros que você gostava de ler ?

Os tais contos de fada. Grimm, Perrault, Andersen.

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Quando você era criança, já sonhava em ser escritora?

Aos sete anos escrevia e ilustrava poemas, que minha mãe guardou por toda vida, cuidadosamente.

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Quando você começou a escrever ?

Assim que aprendi.

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Qual foi o primeiro livro que você escreveu?

Os primeiros que publiquei foram O Fio do Riso e Sangue de Barata. Deste último me envergonho menos.

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Por que você escreve?

É minha forma de brincar.

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Alguma história que você escreveu já aconteceu de verdade?

Enquanto estava desenhando Chiquita Bacana e as outras pequetitas, minhas coisas sumiam e depois apareciam no lugar errado... Parecia aprontação das minhas personagens, que no livro eram as responsáveis por acontecimentos assim.

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Qual o poema de Cecília Meireles que você mais gosta?

"No último andar é mais bonito:

do último andar se vê o mar.

É lá que eu quero morar."

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O que você gostaria de falar para as crianças que freqüentam esse blog ?

Para elas darem uma passadinha no meu: http://www.angela-lago.com.br/

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ALGUNS DOS SEUS LIVROS :

O fio do riso, Editora Vigília

Sangue de barata, Editora Vigília

Uni duni e tê, Editora Comunicação

Outra vez, Editora Miguilim

Chiquita Bacana e as outras pequetitas, Editora Lê

Sua Alteza a Divinha, Editora RHJO

cântico dos cânticos, Editora Paulinas

De morte, Editora RHJ

Coleção Folclore de Casa, Editora RHJ

Charadas Macabras, Editora Formato

Cena de Rua, Editora RHJ

Tampinha, Editora Moderna

A festa no céu, Editora Melhoramentos

O personagem encalhado, Editora Lê

Pedacinho de Pessoa, Editora RHJ

Uma palavra só, Editora Moderna

Um ano novo danado de bom, Editora Moderna

A novela da panela, Editora Moderna

ABC Doido, Editora Melhoramentos

Indo não sei aonde buscar não sei o quê, Editora RHJ

Sete histórias pra sacudir o esqueleto, Companhia das Letrinhas

A banguelinha, Editora Moderna

Muito capeta, Companhia das Letrinhas

A casa da onça e do bode, Editora Rocco

A flauta do tatu, Editora Rocco

O bicho folharal, Editora Rocco

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