29 de jul. de 2007

Otimizando o seu blog ...

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Falo muito pouco nesse blog sobre assuntos que não estão ligados à poesia. Mas, às vezes, procurando soluções para alguns problemas, encontro ótimas dicas. Acho que vale a pena compartilhar algumas delas com vocês.
Hoje, por exemplo, conheci uma ferramenta automática, a
Pingdom Tools, que tem a função de testar o tempo de carregamento de um blog e dar, no resultado, uma análise dos elementos que mais demoraram para carregar.
Quem me passou essa dica foi o BrPoint
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Faça um teste com o seu blog, você poderá se surpreender!
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28 de jul. de 2007

Sobre o escrever ...

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Gerard Terborch .
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“ Fui dormir umas vezes, tão feliz, que, se soubesse minha força, levitava .
Em outras, tanta foi a tristeza que fiz versos.”
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Adélia Prado
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27 de jul. de 2007

Blog com tomates ...




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Esse blog foi presenteado com o prêmio Blog com tomates .
Quem fez a indicação foi
Joseane Piechnicki, do Blogando Idéias .
Esse prêmio foi criado por uma blogueira denominada Brit.com, para premiar pessoas que lutam pelos direitos fundamentais do ser humano.
Querida Joseane, me sinto honrada por ter sido escolhida por você. Agora vou seguir as regras e distribuir os tomatinhos escolhendo cinco novos nomes para serem premiados:
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Sônia Bertocchi
Sônia foi a primeira educadora com quem compartilhei o meu trabalho no blog O MUNDO ENCANTADO DE CECÍLIA MEIRELES.
Cada vez que encontro a Sônia no seu Lousa Digital, mais admiro a sua competência, seu amor pela educação, sua generosidade em repartir conhecimento e afeto.
Sônia representa bem o espírito desse prêmio, pois estimula o desenvolvimento da cidadania através dos caminhos da educação.
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Fernanda de Almeida Prado
Fernanda é a filha querida do professor e poeta Antônio Lázaro de Almeida Prado.
Conheci Fernanda no orkut. Tempos depois participei na Casa das Rosas de um dos seus famosos saraus e esse encontro estreitou ainda mais a nossa amizade .
Quando não está em seu consultório, esbanja talento como organizadora de eventos que promovem e divulgam a boa poesia.
O seu blog
Ciclo das Chamas é ponto de encontro dos poetas e da poesia .
Vejo Fernanda como alguém que acredita no poder libertador e transformador da palavra para o caminhar do homem na luta pelos seus direitos como cidadão .
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Jenny Horta
Conheci Jenny no grupo Blogs Educativos.
Dou esse prêmio para Jenny por causa do seu trabalho no
Blog da Creche Edificar.
Atuando nesse espaço como educadora, designer gráfico e instrutora de informática, Jenny estimula nas crianças a construção do conhecimento e da formação da cidadania.
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Andrea Toledo
Também conheci Andréa no grupo Blogs Educativos.
Essa mineira de Juiz de Fora implantou e coordena vários projetos de inclusão digital na cidade de Cataguases.
Dou esse prêmio a Andréa pelo seu trabalho no
Blog da vovó .
Nesse blog, vovôs e vovós tem a oportunidade de tornar públicas as suas idéias. Publicam poesias, receitas, dicas de moda, beleza, etiqueta, saúde, bem estar, dentre outros. O blog destaca que o objetivo daquele espaço é mostrar que a felicidade não tem idade.
Parabéns Andréa, parabéns turminha linda do
Blog da vovó!
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Renata Christina Machado de Oliveira
Mais uma amiga que conheci no orkut e que já viajou de Curitiba para passar uns dias aqui em BH.
Escolho Renatinha para receber esse prêmio por causa do seu blog
Versos de Criança. Através da poesia, Renata estimula na criança o amor pela leitura e pela escrita. Acho que o seu trabalho também ajuda a plantar a semente da cidadania nos pequeninos.
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24 de jul. de 2007

23 de jul. de 2007

Minha casa ...

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Casa onde morei quando criança ...
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Vão demolir esta casa.

Mas meu quarto vai ficar,

Não como forma imperfeita

Neste mundo de aparências:

Vai ficar na eternidade,

Com seus livros, com seus quadros,

Intacto, suspenso no ar!

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Manuel Bandeira

(Do poema - Última Canção do Beco )

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22 de jul. de 2007

Guignard...

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Alberto da Veiga Guignard
Festa de São João em Ouro Preto
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Padre Angústias ...

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Nas minhas visitas ao blog JORNAL A DIAS do escritor António Garcia Barreto, encontrei várias frases assinadas por um padre chamado Angústias .
Perguntei que padre era aquele e António respondeu: “ É um personagem do meu novo romance. Alguém que está sempre disponível para definir certas facetas da vida através de uma frase. É, portanto, um produto da (minha) imaginação.”
Algumas frases do padre Angústias :
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A diferença da literatura em relação às outras artes é que dá muito trabalho não só ao criador como ao leitor.
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Quando a verdade se mascara é porque a mentira a persegue
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O ser e o parecer são filhos da mesma mãe.
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Os sonhos alimentam o espírito, mas quase sempre esquecem que temos estômago
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Ninguém sabe nada da vida e dos seus mistérios, mas todos julgam que sabem tudo.
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A educação é o respirar de Deus.
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12 de jul. de 2007

( O que é que você leu ? )

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Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: «O que é que você leu?» Respondi: «Dostoievski». Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: «Que mais?». E eu: «Dostoievski». Teimou: «Só?». Repeti: «Dostoievski». O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoievski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema de não sei quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura.

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Nelson Rodrigues
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11 de jul. de 2007

Sobre aprender a ler ...

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Laura Muntz Lyall
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[…]
Isso é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. "Erotizada" – sim, erotizada! – pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo. […]
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Rubem Alves
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6 de jul. de 2007

A arte de saber ler

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Jean-Etienne Liotard
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Ela me olhou e disse: "Encontrei um lindo poema de Fernando Pessoa". Fiquei contente, porque gosto muito de Fernando Pessoa. Aí ela disse o primeiro verso. Fiquei mais contente ainda, porque era um poema que eu conhecia. Ato contínuo, ela abriu o livro e começou a ler. Epa! Senti-me mal. As palavras estavam certas. Mas ela tropeçava, parava onde não devia, não tinha ritmo nem música. Não, aquilo não era Fernando Pessoa, embora as palavras fossem suas.
Senti o mesmo que já sentira em audições de alunos principiantes que, via de regra, são um sofrimento para os que ouvem, o maior desejo sendo que a música chegue ao fim e que a aflição termine. Percebi, então, que a arte de ler é exatamente igual à arte de tocar piano ou qualquer outro instrumento.
Como é que se aprende a gostar de piano? O gostar começa pelo ouvir. É preciso ouvir o piano bem tocado. Há dois tipos de pianistas. Alguns, raros, como Nelson Freire, já nascem com o piano dentro deles. Eles e o piano são uma coisa só. O piano é uma extensão dos seus corpos.
Outros, aos quais dou o nome de "pianeiros", são como eu, que me esforcei sem sucesso para ser pianista (consolo-me pensando que o mesmo aconteceu com Friedrich Nietzsche. Atreveu-se até mesmo a enviar algumas de suas composições ao famoso pianista Hans von Büllow, que as devolveu com o conselho de que ele deveria se dedicar à filosofia).
Diferentemente dos pianistas, que nascem com o piano dentro do corpo, os "pianeiros" têm o piano do lado de fora. Esforçam-se por pôr o piano do lado de dentro, mas é inútil. As notas se aprendem, mas isso não é o bastante. Os dedos esbarram, erram, tropeçam, e aquilo que deveria ser uma experiência de prazer se transforma numa experiência de sofrimento não só para quem ouve mas também para quem toca.
Um pianista, quando toca, não pensa nas notas. A partitura já está dentro dele. Ele se encontra num estado de "possessão". Nem pensa na técnica. A técnica ficou para trás, é um problema resolvido. Ele simplesmente "surfa" sobre as teclas seguindo o movimento das ondas. Pois é precisamente assim que se aprende o gosto pela leitura: ouvindo-se o artista —o que lê— interpretar o texto.
Não estou usando a palavra "interpretar" no sentido comum de dizer o que o autor queria dizer, mas não conseguiu, coisa que se tenta fazer nas aulas de literatura (o que é que o autor queria dizer? Ele queria dizer o que disse. Se quisesse dizer uma outra coisa, ele teria escrito essa outra coisa). Estou usando "interpretar" no sentido artístico, teatral. O "intérprete" é o possuído. É ele que faz viver —seja a partitura musical silenciosa, seja o texto teatral ou poético, silencioso na imobilidade da escrita.
Disse William Shakespeare no segundo ato de Hamlet: "Não é incrível que um ator, por uma simples ficção, um sonho apaixonado, amolde tanto a sua alma à imaginação que todo se lhe transfigura o semblante, por completo o rosto lhe empalideça, lágrimas vertam dos seus olhos, suas palavras tremam, e inteiro o seu organismo se acomode a essa mesma ficção?". Tenho a impressão de que, se os jovens não gostam de ler, é porqute não tiveram a experiência de ouvir a leitura feita por um possuído.
Uma lembrança feliz que tenho do meu irmão Murilo, já encantado, era que ele lia para mim, menino, livros de aventura: "Náufragos de Bornéo", com um enorme gorila na capa, "Prisioneiros dos Pampas", com dois homens lutando à faca na capa. Isso aconteceu há 63 anos, e não esqueci. Ainda posso ouvir a sua voz possuída pela emoção. É a experiência de ouvir que nos faz querer dominar a técnica da leitura para poder penetrar na emoção do texto.
Há de se dominar a técnica da leitura da mesma forma que se domina a técnica do piano. Acontece que o domínio da técnica é cansativo e freqüentemente aborrecido.
Antigamente, o aprendiz de piano tinha de gastar horas nos monótonos exercícios de mecanismo do Hannon. Mas mesmo os grandes pianistas que já dominaram a essência da técnica têm de gastar tempo e atenção debulhando as passagens complicadas que não podem ser pensadas ao ser tocadas. Todo pianista tem de dominar os estudos de Chopin, de dificuldades técnicas transcendentais, maravilhosos.
Mas só têm paciência para suportar o aborrecimento da técnica aqueles que foram fascinados pela beleza da música. Estuda-se a técnica por amor à interpretação, que é o evento orgiástico de possessão.
Por isso eu tenho sugerido a escolas e prefeituras que promovam "concertos de leitura" para seduzir os ouvintes à beleza da leitura. Não custam nada. Uma única coisa é necessária: o artista, o intérprete...
Um concerto de leitura poderia se organizar assim: primeira parte, poemas da Adélia Prado (é impossível não gostar dela...); segunda parte, "O Afogado Mais Lindo do Mundo", conto de Gabriel García Márquez; terceira parte, haicais de Bashô. Acho que todo mundo gostaria e sairia decidido a dominar a arte da leitura
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Rubem Alves
Folha Online - Sinapse - 17/2/2004

4 de jul. de 2007

Sob o signo da dispersão ...

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Foto de José Luis Mendes.
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. Quanto de nós ao tempo se consome,
E perde a substância, que o sustenta,
Quanto de nós decorre de uma fome,
Que de angústia somente se alimenta...
Que somos nós mais que precário nome
De um transitório tempo, que se ausenta?
De que vale batalhar por um renome.
Que ao embate das ondas se arrebenta?
Somos poeira dispersa, quando venta,
Somos precária carne esmaecida,
Sujeita a corrosão roaz e lenta.
E logo vêm o tempo da partida
E a sofrida voz, que se lamenta
Do trânsito fugaz de nossa vida...

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.São Paulo, 9 de junho de 2007

.Antônio Lázaro de Almeida Prado

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2 de jul. de 2007

Grande Sertão: Veredas

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Foto de Raul Lorenço

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"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..." - foi o que pensei na ocasião. De pensar assim me desvalendo. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo; que, quando notei que estava com dor-de-cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo. E eu nem sabia mais o montante que queria, nem aonde eu extenso ia.

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João Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas

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Asas e azares

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Foto de Luis Lobo Henriques
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Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não dói.

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Paulo Leminski

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